Os condomínios feitos sob medida para a fatia da população que mais cresce
em Veja Mercado, 29/fevereiro
Transformação demográfica do país impulsionou incorporadoras a criar condomínios com facilidades e serviços especiais.
O Brasil vem passando por uma transformação demográfica acelerada. Indicadores de envelhecimento da população aceleraram para níveis recordes, e pessoas de 65 anos ou mais já representam 10,9% do total de habitantes no país —dos 203,1 milhões de brasileiros, 22,2 milhões estão nesta faixa etária.Em breve, seremos uma nação de cabelos brancos. Segundo projeções do IBGE, o país terá mais idosos do que jovens em 2060.
Essa realidade faz com que muitas empresas comecem a se voltar para o potencial e as preferências desse público. Afinal, parte considerável dessas pessoas ultrapassa a faixa de 50 anos em boas condições físicas e financeiras — e querem aproveitar a vida, seja viajando, passeando ou consumindo. O mercado imobiliário faz parte dessa onda. Exemplo disso são as incorporadoras que vêm desenvolvendo empreendimentos voltados para a terceira idade, num movimento chamado de “senior living”.
“Senior living” está longe de ser uma residência para idosos, como os asilos de antigamente. É uma espécie de combinação de mercado imobiliário e hospitalidade com cuidados especiais pensados para atender pessoas que precisam de atenção mais diferenciada. Os imóveis voltados para as pessoas acima dos 65 anos têm plantas amplas, com banheiros grandes e voltados principalmente para acessibilidade. A tecnologia também é um diferencial. As unidades de “senior living” contam com botões de segurança para acionamento em caso de emergência, por exemplo, e automação de diversos eletrodomésticos para facilitar o dia a dia do condômino. Outra particularidade é que dificilmente um apartamento desse tipo tem apenas um dormitório, pois a ideia é que possa haver um cômodo também para acomodar algum auxiliar ou parente que acompanhe o idoso
A localização de um empreendimento voltado para a terceira idade precisa também ser planejada. O ideal é que seja perto de clínicas e em um bairro mais tranquilo. Porém, não é porque a pessoa passou dos 65 anos que precisa que a vida seja um marasmo e apenas com foco nos cuidados médicos. Além de uma equipe de saúde disponível 24 horas, os edifícios oferecem também uma vasta programação planejada para seus moradores. A programação inclui passeios culturais, encontros semanais e áreas sociais que permitem exercícios com total segurança.
Aqui no Brasil essa modalidade de moradia ainda está muito recente. A Cora, um dos “senior livings” do país conta com cinco unidades situadas em São Paulo. Elas possuem suítes individuais, duplas ou triplas, refeitórios, áreas de convivência e espaços dedicados à saúde. Quem está morando lá possui toda a liberdade de sair para suas próprias atividades sociais e também pode receber visitas da família 24h por dia.
Como ainda o desenvolvimento desses projetos no mercado nacional está tímido, os empreendimentos estão sendo adaptados para atender não apenas os idosos como também pessoas portadoras de necessidades especiais, ainda que de forma provisória, como é o caso de quem passa por cirurgias e precisa morar em um ambiente mais adaptado e acessível até a sua recuperação.
Está claro que no Brasil existe espaço no mercado para empreendedores que busquem auxiliar uma vida dependente ou independente dos idosos. Para que esse investimento fique mais interessante, o ideal é operar em escala. Trazer operadores responsáveis por cada área é uma forma possível de trazer eficiência e padronização nos serviços.
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